segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Lembranças.
As folhas alaranjadas caiam. O outono havia chegado. Aquela cidade parecia ser uma pintura, de um passado que eu tentava esquecer.
As imagens vinham a minha mente, como figuras de um livro infantil, que as mãos descuidadas de uma criança pequena infeitaram como carinho.
Aquele lugar tinha cheiro de infancia para mi
m, cheiro de passado.
Podia ouvir, sentir e ver o passado.
As crianças pulando, correndo e brincando, os risos, os abraços animados das amigas e o gostinho de leite morno com biscoitos de chocolates cazeiros.
Como aquilo me fazia falta.

O calor humano que sentia naquela epoca.
A cidade não mudara muito, s
uas ruas de pedra, suas casas todas coloridas, que pareciam ser pinturas.
Andar por aquelas ruas de casas coloridas, pessoas simpaticas e ar de infancia.
Era como reviver lembranças que estavam quardadas em um bau, lembranças que estavam fechadas a sete chaves, no sotão de uma imensa casa, no canto mais escuro e escondido.
Botei minhas malas no chão.
Encarava as
escadarias da velha mansão.
A quanto tempo não pisav
a naquele local? A quantos anos?
Ha! Mas que falta fazia tudo aquilo! Me lembrava das ferias,
feriados e fins de semana que passava la, junto de meus avôs.
Noites de chuva, sentada na lareira, no colo de meu vô a ouvi historias, que mesmo repetidas, eram emocionantes, de sentir o cheirinho do leite quente e bolinhos de canela assando, que minha vó preparava.
Dias de verão, quando iamos fazer caminhadas, acampavamos, faziamos doces e festas, so nos três e
meu cachorro Dodo.
Ha... meu velho amigo Dodo... Nos dias de tristeza era o unico que me entendia. Ele me observava com aqueles grandes olhos brilhantes que tinha, e quando chorava me lambia, querendo secar minhas lagrimas, era o unico que me fazia rir mesmo triste.

Era meu fiel companheiro. Estava comigo em todas as brincadeiras. Em todas as travessuras.
Quando eu estava doente ele não saia de meu lado, quando ele machucava a pata ou ficava meio molinho virava sua medica, enfermeira.
A ele confiava meus segredos de criança.
Nos dias frios ele se deitava comigo na cama, me aquecia com seu pelo quentinho, e eu o fazia companhia nessas noites tristes e vazias de inverno e outono.
Porem foi o primeiro a me deixar... Foi um dia triste, nevava muito.
Na noite daquele dia, não tive ninguem para secar minha lagrimas, ouvir meus lamentos ou pra me aquecer durante a noi
te.
O tempo passava, eu crescia. Logo, não era mais uma criança, mais uma pré-adolescente. E meu desejos de aventura afloravam.
Saia da casa, corria para o bosque perto de la. Andava, andava e andava durante horas afim, sozinha, conhecendo aquele lugar com outros olhos.
A adolescencia chegou, quis ver outros lugares, minhas mãos e pes queriam ir alem daquelas arvores, da quela casa, da quela cidade.
O tempo passava, e passa
va.
Eu ia mudando, ia crescendo, me tornava adulta, mas o tempo passa para todos, meus avôs envelheciam, os via, os visitava, mas não sentia mais a mesma emoção.
Era como se... Eu não fosse mais a mesma.
E hoje, que meu querid
o vô esta internado, com o risco de morte... Centada nessa grama, onde tantas outras vezes sentei, posso me lembrar sem medo, das noites em que acampava, eu e Dodo, vovó e vovô sentados ao redor de uma fogueira que dançava ao vento, vendo a vastidão de estrelas do céu e ouvindo a musica da noite.
Posso ver como fui boba em não dar valor a essas coisas d
urante tanto tempo...
Espero que meu vô se recupere... Quero poder fazer tudo denovo...
Quero poder reviver aqueles dias, quero estar com meus avôs...
Uma lagrima solitaria rolou por meu rosto, a vontade subita de que Dodo estive-se ali surgiu em meu coração.
Não queria que meu vô se fosse daquele modo. Queria que ele vivesse muito mais.
Iria fazer tudo denovo, as brincadeiras, historias, sorrisos e risos. Queria uma segunda chance, queria poder voltar a ser aquela menininha que não sabia oque era fome ou solidão.
Queria todos reunidos...
Mas um dia estaremos juntos denovo.
So espero, que esse dia d
emore a chegar, que realmente demore o dia que irei me reencontra com Dodo.

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